Acordei ontem sobressaltada com
medo de ter perdido o horário.
Havia muito a ser feito.
Colocar na mala todo vestígio da
minha presença.
Sair daquele apartamento como
quem acaba de cometer um crime e não quer deixar digitais.
Tive dificuldades para chegar ao
trabalho com aquele peso todo ... mala de rodinhas, pasta com notebook, bolsa
com abajour e bolsa de mão.
Sair do trabalho e caminhar até a
rodoviária foi mais difícil ainda ...
Era noite.
Um vento frio batendo no rosto e
anunciando que iria chover.
Rua deserta e nenhum táxi
querendo parar para um trajeto tão curto.
Andei alguns quarteirões
arrastando aquilo tudo.
Por menor que seja um trajeto, quando você carrega um peso ele torna-se
maior.
Uns 5 quarteirões me afastavam da
rodoviária, mas parecia que eu estava atravessando a ponte Rio-Niterói a pé.
A gente se habitua a essa máxima
da vida : carregar pesos.
Carregamos pesos o tempo todo e
por diferentes motivos.
As vezes carregamos pesos
acompanhados e aí, meus caros, o peso torna-se mais leve.
Mas, na maior parte das vezes
carregamos nossos pesos completamente sozinhos.
E no trajeto procuramos
motivações internas para continuar andando arrastando a mala de rodinhas ...
enquanto avançamos os quarteirões pensar que temos um quarteirão a menos motiva
a não desistir ...
Outra coisa interessante : o fato
de uma mala ter rodinhas não torna a vida mais prática.
Há momentos em que você precisa
agarrar toda a mala com a força de seus braços.
Suspender a mala no meio-fio, no
início de uma escada rolante, no bagageiro do ônibus, na esteira de um
aeroporto ....
Quando eu finalmente sentei na
minha poltrona do ônibus, sentia todo corpo doer e foi preciso um analgésico
para que conseguisse relaxar e descansar.
Significa dizer que carregar peso
dói, literalmente.
Passamos por problemas tão difíceis
e pesados que ficamos com o corpo e a alma dolorida.
Mas ... o que Madame não poderia
de jeito algum esquecer é ...
Por mais difícil que a semana
tenha sido ...
Por mais pesada que tenha sido
aquela bagagem ...
Por mais longo que fosse o
caminho do trabalho a rodoviária com tudo aquilo ...
Sinto-me, agora, aliviada.
Carregar este peso todo foi, de
verdade, significativo para Madame.
Trouxe no meio disto tudo o “compromisso”
que tinha naquela cidade.
Trouxe o peso que me incomodava.
Então, passar por todo este
sacrifício me trouxe a recompensa do alívio.
Madrugada, de banho tomado,
camisola quente e meia nos pés ... os braços doloridos do peso carregado, mas a
alma leve.
1-
Carregar seus pesos ... ninguém fará isso por você.
No meio da caminhada até pode aparecer quem te ajude a levar uma bolsa, mas
jamais se esqueça: seus pesos são seus pesos , aprenda a carrega-los com
bravura e coragem ...
2-
Providencie malas de rodinhas ... carregar seus
pesos com o suporte da rodinha alivia a prova. Tenha estratégias para tornar o
fardo um pouco mais leve ...
3-
Entenda : a cada quarteirão que você vencer,
terá quarteirões a menos para andar ... mantenha o ritmo, não pare ...
4-
Entenda que algumas rupturas são doloridas ...
analgésicos e banhos mornos ajudam, de verdade.
5-
Sinta-se grato a Deus ainda que você não
entenda, exatamente, o que Ele está fazendo.
6-
Seja corajoso ... carregar mala não é para
qualquer um . Tem gente que se acomoda e se acostuma com o ruim a ponto de não
se importar de ficar com um peso.
7-
Alegre-se por conseguir chegar a rodoviária. O
trajeto é longo, frio e escuro, mas quando a gente chega lá tudo muda,
acredite.
8-
Faça uma prece quando tudo estiver doendo.
9-
Regozije-se quando a dor diminuir.
10-
Diga a Deus : Senhor, carreguei meus pesos e
agora entrego-os a ti. Faça sua vontade porque não tenho mais forças para fazer
a minha. A mala estava pesada, meus braços doem e preciso do seu colo.
11-
Ainda que você chore, entenda que justamente
nessa hora em que nos sentimos mais sozinhos, mais entendemos o quanto somos dependentes
de Deus.
Estou muito, muito dolorida ...
Preciso de outro analgésico e me deitar ...
Bjs da Madame ....
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