Fui nocauteada

Fui nocauteada ....

Uma vez recebi um e-mail com um texto escrito supostamente por um psicólogo acerca do MEDO. Lembro-me que definia-se medo como um sentimento que te coloca em estado de alerta com o receio de fazer ou sofrer algo. Pois bem ...

Gosto da noite. É meu melhor horário de produção  e , por conta disto, acabo dormindo pouco. Tenho um soninho de passarinho, qualquer mísero barulho me acorda e não consigo voltar a dormir ...Como não gosto de brigas, não brigo com  o sono , levanto e caço uma coisa para fazer , para ler e para escrever.

Depois compenso tudo com um creme Acqua Sensations Anti-Olheiras Nívea Visage, umas gotinhas de corretivo facial, cafezinho com duas gotinhas de sucralose e pronto!

Esta noite acordei e não dormi mais... não havia nenhum gato apaixonado miando loucamente na rua, os cachorros da vizinhança estavam ferrados no sono, não esqueci nada do lado de fora da minha casa.

Acordei com o barulho de um caminhão passando na minha rua e o instântaneo apagão que aconteceu durante sua passagem . O caminhão rompeu com uns fios e fiquei no escuro por quase 2 horas.

Tenho um medo medonho do escuro, pensando nisto elaborei um plano "Aplacando Meu Pavor", deixo sempre no mesmo lugar uma vela, uma caixa de fósforos e uma lanterna.

Fui tateando até encontrá-los, dando umas topadas até conseguir a graça de acender a lanterna.

Caso ocorra o infortúnio da bateria da lanterna acabar, meu plano B é acender a vela.

A gente sempre tem que pensar num plano B.

Tenho tanto pavor de ficar no escuro que não durmo de luz apagada. Mantenho um cantinho iluminado no quarto. Preciso deste ponto de luz para  gozar de uma sensação de conforto.

Acredito ter sido a primeira a ligar para a Ampla e eles cometem a atrocidade de perguntar o número do cliente ... coisa louca, você no escuro vai ver o seu número na última conta de luz como ?

Arrastei uma cadeira e a coloquei colada na janela.

Passei boa parte da noite sentada ali, aguardando o carro da Ampla chegar, de camisola e com a lanterna na mão.

Ficar no escuro evoca em mim o que tenho de pior : o medo.

Eu faço uma força danada para ser altiva, corajosa.

Ter faltado luz me nocauteou !

Vivi um momento estranho.

Não conseguia me identificar. Eu estava num misto de guarda noturno com lanterninha do cinema (coisa antiga, nem existem mais lanterninhas nos cinemas !). Quando os mocinhos da Ampla chegaram respirei fundo , aliviada.

Eles demoraram muitíssimo a chegar, mas fizeram o serviço rápido.

Desliguei a lanterna e me deitei.

Acordei agora me lembrando que na semana passada, na salinha de espera do médico vi na revista BONS FLUIDOS do mês de agosto uma reportagem de 2 páginas com uma jornalista contando o desafio de ficar 48 horas sem tecnologia... ela conta que sofreu sem atender telefone, ler e-mail, etc e tal.

A palavra SUSTENTABILIDADE está tão em voga e penso que já está passando da hora de se discutir com maior seriedade a questão das alternativas energéticas.

Mais sério do que ficar 2 dias sem tecnologia, foi para mim intolerável ficar 2 horas sem energia elétrica. Talvez, pensando que no futuro alguém nesta cidade teria pavor de ficar no escuro, para quem não sabe CAMPOS FOI A PRIMEIRA CIDADE DA AMÉRICA LATINA A RECEBER ENERGIA ELÉTRICA.

Ok ... tenho medo do escuro, não é isto que estou discutindo agora.

É inadimissível que as alternativas para estas questões sejam os tais apagões programados, seja um horário de verão certinho de acontecer todo ano....Uma vez que estamos em ano eleitoral , é preciso averiguar o que os presidenciáveis têm a nos propor acerca disto.

Que medo ! Que noite !