Madame acha tudo lindo na tecnologia.
Celulares modernosos que fazem de
um tudo.
Telefones fixos sem fio dentro de
casa.
WiFi.
Mas Madame precisa dizer ... sou
do tempo do orelhão.
Do tempo em que se comprava na
venda as fichas de orelhão.
A gente colocava a ficha, discava
o número e quando a ficha caía era o sinal de que a ligação foi completada.
Eu andava com várias fichas no
bolso da calça jeans e às vezes, quando me sentia muito sozinha, ia à esquina
ligar para uma amiga que é amiga até hoje e vem toda noite de Natal lanchar
comigo em minha casa.
Apesar de Madame achar
maravilhoso que hoje possa mandar um SMS ou um Whatsapp, lembro que ter uma
ficha no bolso me deixava contente.
Ouvir a ficha cair era uma
sensação indescritível.
Os tempos agora são outros e
apesar de não existirem mais orelhões, a
expressão “cair a ficha” ficou a despeito de qualquer coisa.
Cair a ficha continua sendo o
sinal de que uma conexão foi feita.
Hoje, sábado, quase nove da noite
me vejo recostada na cama com o notebook no colo pensando nas fichas que
caíram, estão caindo e precisam cair na minha vida.
Algumas fichas caem com violência,
o barulho do metal da ficha batendo no orelhão consegue ser ouvido tão
nitidamente que parece que a ficha caiu dentro da gente.
Estou com fichas caindo dentro de
mim, neste momento.
Conectando-me a situações,
pessoas, contextos, ...
Conectando-me comigo mesma ...
Conectando-me com Deus, sempre.
Eu ouço o som das fichas caindo
dentro de mim e enquanto beberico um chá gelado nesta última noite de inverno,
sinto uma vontade absurda de abraçar e ser abraçada por todas as conexões que
são feitas a partir delas.
Há uma necessidade louca da ficha
cair.
Não dá pra deixar a ficha no
bolso, é preciso coloca-la no orelhão para que cumpra seu fim.
Nesta noite em que algumas fichas
estão caindo Madame só queria um abraço.
Não queria palavras, declarações,
promessas.
Queria um abraço, para curar as
fichas que caem trazendo dor com a queda.
Tô assim hoje, dolorida, mas
entendendo que outras conexões precisam ser feitas.
Mais um pouco de chá gelado ...
um comprimido de Neosaldina ... porta fechada ... ar ligado ... Silêncio ! Preciso
ouvir outras fichas caindo .
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