Existem filmes que de alguma
forma marcam a vida da gente. Vi “Uma linda mulher” há alguns anos e este filme
é tão significativo para Madame que tenho o DVD em casa.
Acho espetacular a história nele
contada : uma mulher simples, ganhando a vida nas ruas e seu inacreditável
encontro com um gentleman, um mocinho de costumes refinados.
Mas ... de todas as cenas do
filme há uma, em especial, que sempre me chamou a atenção ! A cena da ida deste
inusitado casal a uma ópera. Aquela arquitetura imponente do teatro, aquela
orquestra de tirar o fôlego, aqueles cantores imprimindo sensibilidade a cada
canção ali representada ... nada disso fazia parte do cotidiano de Vivian, a
prostituta, mas ela estava ali com Eduard assistindo a tudo do camarote.
Diz o ditado popular que assistir
de camarote é ter uma visão privilegiada de algum espetáculo. Para algumas
coisas na vida é absolutamente necessário um ingresso no camarote, né ?
Madame até pensou em divagar
sobre a questão, tentando conectar algumas situações cotidianas sérias com o
fato de que precisamos nos colocar no camarote e assistir a tudo de forma tranquila
e racional, mas ... não ... Madame não quer conectar nada a nada mesmo.
Acabo de chegar de uma noite no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, fui assistir a um balé e incrivelmente meu
ingresso era no camarote.
Fui, claro, a alguns teatros de
diferentes cidades na minha vida.
Mas o Municipal é algo de tirar o
fôlego.
Quando me vi sentada no camarote
imediatamente me lembrei da Vivian e compreendi a emoção que a atriz Julia
Roberts expressa com seus olhos e expressões faciais e, juro, me senti
exatamente como aquela prostituta se sentiu.
A imponência do teatro, a música,
o corpo de baile, o figurino, ...
Fiquei muito emocionada.
Quis driblar minha emoção
buscando o jeito Madame de ser ... quis dizer para mim mesma que aquele
ambiente era a reprodução fiel da cultura europeia do século XIX, sem negros no
corpo de baile ... bailarinas negras não dançam na ponta do pé ... quis criar,
internamente, um discurso que não me deixasse tão submersa naquela vibe, mas
não consegui. Me rendi a toda beleza que meus olhos estavam vendo e meus
ouvidos ouvindo e, claro, me senti grata a Deus por me permitir aquilo tudo.
Aceita um chá com a Madame ?
Faz calor e beberico um mate
gelado enquanto escrevo, emocionada, que assisti ao espetáculo de camarote.
Bjs da Madame emocionada
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