Café

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sábado, 7 de janeiro de 2012

Filhos ...

No natal e no ano novo recebi abraços emocionados com desejos sinceros de felicidade . Fiquei feliz com estas manifestações de carinho, retribuí , escrevi bilhetinhos , e-mails  , cartõezinhos e tudo mais . No entanto, duas pessoas que não se conhecem me fizeram a mesma observação nestas datas, uma no natal e a outra no ano novo ... comentaram que eu havia transferido minha maternidade para os felinos que tenho aqui em casa ... desconversei na mesma hora com um sorriso tímido, daqueles que a gente dá meio sem graça e fica para pensar depois no que foi dito .
Essa história veio rolando, rolando, rolando e hoje sabe-se Deus porque resolveu sair de alguma gaveta interna para tomar corpo e opinião.
Cuido mesmo dos felinos , dou banhos, ração de boa qualidade , eles têm cobertozinho para quando está frio, areia sanitária, são vermifugados e tudo mais ... não tive filhos e nunca estive grávida.
Houve um momento na minha vida que isso me incomodou . Incomodou a ponto de ter me gerado uma dor, uma tristeza . A gente cresce quase que se preparando para ser mãe, ganha bonecas e , talvez não por acaso, 90 % das bonecas que tive eram no estilo bebê . E aí, quando me vi grande, certas coisas tardaram a acontecer na minha vida ... não tive namoradinhos, beijos roubados na porta da escola , não tenho uma lista  de caras com os quais me relacionei , sou reservada, tímida e isso pesou muito neste aspecto. Casei . Separei e a maternidade foi algo que não rolou na minha vida .
Por um tempo eu até quis que rolasse , tipo comprei mesmo roupinhas de bebê e guardei numa gaveta da minha cômoda para quando ele chegasse .
Um dia tive um sonho muito, muito estranho ... sonhei que estava sentada de frente para uma mulher grávida que nunca havia visto na minha vida , na minha casa ... e no sonho eu dava para ela todas as roupinhas que tinha na tal gaveta, dizendo que aquelas roupinhas não poderiam ficar para mim,  já que eu sabia que não seria mãe.
Quando acordei, no dia seguinte, coloquei todas as peças numa bolsa e fui até uma favela , à casa de uma ex-aluna, pedindo que ela entregasse para uma grávida .
Sofri ?
Não . Depois deste dia o assunto nunca mais me doeu .
A ponto de nem pensar na possibilidade de adoção.
Eu precisava de uma ajuda para que isto não fosse mais um incomodo ... tive um sonho e pronto, não me incomodou mais .
Esta semana me vi apertada no trabalho, tentando conseguir vaga para uns 500 alunos que estavam sem escola, em diferentes municípios do Estado ... e então , compreendi que a gente faz o papel de mãe também quando está trabalhando ... fui bem mãezinha, briguei, me estressei, quase chorei cruzando os dados de 3 planilhas diferentes até, por fim, gerar uma 4ª com os resultados destas vagas .
Então, acho que cuidar dos gatos não foi para substituir os cuidados que eu teria com um filho .
Não ter sido mãe não foi uma escolha , como disse foi algo que não rolou e ponto.
Não ser mãe hoje ou daqui a 9 meses sim , é uma escolha.
E preciso confessar que não me sinto culpada por não pretender gerar um filho.
De forma que, todos os comentários de que é uma palhaçada cuidar dos gatos não me afligem.
Os gatos me fazem companhia , interagem comigo,  mas não são os filhos que não tive, são simplesmente os animais que eu quis ter . Não se preocupem ... não envio para a casa de ninguém os gastos que tenho com eles .

É muito, mas muito indelicado questionar a uma mulher o porquê dela não ter sido mãe, como se eu devesse ser condenada a fogueira por isto ... Beijocas felinas da Madame

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